A Fifa lançou na última semana o logo oficial da Copa do Mundo 2026, que será disputada nos Estados Unidos, México e Canadá. De forma inédita, a marca combina a foto do troféu e o ano de disputa do torneio, mas recebeu críticas nas redes sociais pela “simplicidade”, especialmente quando comparada aos designs das últimas edições.
Diferentemente do usual, a primeira versão logo aparece em preto e branco e não faz nenhuma referência aos países-sede. Esta falta de detalhes, no entanto, tem uma explicação e está relacionada aos planos da Fifa com a primeira Copa do Mundo disputada em três nações.
De forma geral, o objetivo por trás do design é tornar a marca inclusiva e altamente personalizável em várias plataformas. De acordo com a entidade, a imagem do troféu e do ano permite a personalização para refletir a singularidade de cada anfitrião, ao mesmo tempo em que constrói uma estrutura de marca identificável para os próximos anos.
- A marca oficial apresenta aos fãs o novo emblema do torneio, tipo de letra e paleta de cores marcantes, três elementos emocionantes que darão vida a este torneio nos próximos meses e anos. Mas também vai além disso, pois abrimos inúmeras oportunidades para as comunidades locais e nossos parceiros integrarem sua própria história - explica Romy Gai, diretor de negócios da Fifa.
Após a versão inicial, em preto e branco, a Fifa apresentou mais detalhes do logo da Copa do Mundo 2026 com variações do design para cada uma das 16 cidades-sede (veja no vídeo abaixo). A identidade visual ganha novas cores, formatos e padrões sem perder o conceito da marca geral.
Outro ponto positivo é que o logo poderá ser facilmente transferido e usado em produtos oficiais do torneio, como moletons, bonés e camisas, por exemplo. O processo de design foi liderado pela própria equipe de branding da Fifa, com consultoria de agências não divulgadas.
A importância do logo e a visão de um especialista
A iconografia e a identidade visual estão presentes desde a primeira edição da Copa do Mundo, em 1930, e tornaram-se cada vez mais importantes nas décadas seguintes.
- (O logo) é uma uma grande síntese da proposta de valor daquela edição do evento, pode ser uma olimpíada, uma Copa do Mundo,. A marca, de um modo geral, tem essa responsabilidade de representar da maneira mais sintética, mais consistente possível, o que aquele evento oferece de diferente do anterior, ou seja, o que ele traz de novidade e que tipo de convite ele tá fazendo pras pessoas. Além, claro, de ter uma importância comercial grande, porque, de uma certa maneira, é associação com a marca que financia esses grandes eventos. Uma boa parte do financiamento vem dos patrocínios e os patrocínios estão diretamente ligados à associação entre a marca do patrocinador e a marca do evento. Então tem uma super importância - disse Frederico Gelli, criador da marca dos Jogos Rio-2016, ao LANCE!.
Os logos da Copa do Mundo sempre incorporaram elementos culturais da nação anfitriã. No Qatar, por exemplo, a marca foi trabalhada para se assemelhar a um xale de lã, vestimenta tradicional da região. A aposta em um design genérico e com personalizações foi a forma que a Fifa encontrou de manter o histórico em um Mundial com três países-sede.
Variações do logo para cada uma das 16 cidades-sede da Copa do Mundo 2026 (Foto: Divulgação/Fifa)
- As pessoas sempre batem, é mais fácil bater do que elogiar. Eu pessoalmente gostei da marca. Num primeiro momento, estranhei a ideia de ter a foto sobre o 26, é meio inusitada. Tem um caráter que parece uma coisa mais ligada à comunicação do que a uma identidade, uma marca. Mas, depois, (mudei de ideia) olhando com mais atenção todo o conteúdo que não está muito divulgado, principalmente os vídeos. Isso funciona: a ideia de ser uma marca que tenha essa flexibilidade para poder garantir particularização para cada uma das cidades-sede - opinou Frederico Gelli.
Apesar das críticas de fãs nas redes sociais, o especialista afirma que o logo da Copa do Mundo 2026 foi bem realizado e não há risco de qualquer impacto comercial para a Fifa.
- Acho que a marca tem uma coisa bold, dinâmica, com essa flexibilidade, tem uma tipografia que acompanha e foi desenvolvida integralmente. Acho que até essa questão da marca ser uma janela, uma tela, que vira um espaço em que conteúdos diferentes possam ser reverberados ali - que no caso seriam cores e padrões que combinam com cada uma das cidades - não é nenhuma novidade, mas eu acho que está bem realizada - opinou Fred Gelli, antes de completar:
- Não acredito em nenhum tipo de prejuízo para a Fifa. As pessoas não entenderam direito ainda e (devem mudar de ideia) quando começarem a ver as aplicações, porque isso faz muita diferença. Tem marcas que tem um de encantamento por si só. Você vê a própria marca e ela já dá conta de contar muitas histórias e tudo mais. Tem outras marcas que dependem mais dos desdobramentos, das aplicações, que acho que é muito o caso dessa identidade. Acho que, quando os desdobramentos começarem a aparecer, as aplicações começarem a aparecer, as pessoas vão gostar e a identidade vai funcionar.