Você provavelmente já ouviu falar em "sportswashing". A palavra pode soar estranha, mas seu conceito está cada vez mais presente e levanta debates importantes dentro do cenário esportivo mundial, especialmente no futebol.

O confronto entre Newcastle e PSG, que acontece nesta quarta-feira (4) pela Champions League, é um exemplo marcante como o esporte está sendo usado como ferramenta política. Confira mais detalhes abaixo em mais uma matéria do quadro "Lance! Biz explica".

Significado e origem do termo

Sportswashing é um termo em inglês que junta duas palavras: sport (esporte) e wash (lavagem). De forma geral, é o uso do esporte como forma de melhorar a imagem pública de uma pessoa, grupo ou Estado, desviando a atenção de questões controversas ou negativas.

O conceito foi criado por organizações de direitos humanos com base em outras práticas similares. O "greenwashing", por exemplo, refere-se a empresas poluidoras que tentam melhorar sua imagem com ações ambientais paliativas. No cenário político, temos o "pinkwashing", onde países, como Israel, usam avanços em direitos LGBTQIA+ para desviar a atenção de outros problemas, como conflitos com a Palestina.

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Arábia Saudita é exemplo mais recente

A Arábia Saudita se tornou um exemplo clássico de sportswashing nos últimos anos. Apesar das controvérsias envolvendo violação de direitos humanos, o país tem investido pesado no esporte. Após comprar o Newcastle em 2021, o a família real saudita decidiu investir na liga local e contratou astros, como Cristiano Ronaldo, Neymar e cia.

Fora do futebol, a Arábia Saudita também investe bilhões de dólares anualmente com a Fórmula 1, torneios de golfe e outras modalidades. De forma oficial, os investimentos fazem parte do Vision 2030 - programa estratégio que visa diversificar a economia do país, reduzindo sua dependência da exportação de petróleo.

Sportswashing? Arábia Saudita investe bilhões no futebol (Foto: Divulgação/Al-Hilal)


Outros exemplos de sportswashing

Nos últimos anos, o sportswashing ficou muito associado aos países do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos. A prática, no entanto, é antiga e tem exemplos desde a década de 1930.

Itália como sede da Copa do Mundo de 1934. País vivia governo fascista comandando por Benito Mussolini e queria mostra a superioridade em relação aos demais países, além de alguma divulgação internacional.

Berlim como sede dos Jogos Olímpicos de 1936.Hitler discursou na cerimônia de abertura e usou o evento para propagar o discurso fascista.

Bahrein e Abu Dhabi como sede de GP da Fórmula 1

Compra do Manchester City por Sheikh Mansour (2008). Ele é irmão do atual presidente dos Emirados Árabes Unidos, que é uma monarquia absolutista. Os investimentos no futebol inglês seriam uma forma de limpar a imagem do país entre os países democráticos

Compra do PSG pelo Emir do Qatar (2011). O país também é governado por uma monarquia absolutista e convive com denúncias de violação dos direitos humanos. Assim, o esforço para ligar a imagem do país ao esporte é visto como estratégia de marketing.

Rússia como sede da Copa do Mundo de 2018. O país é acusado de perseguir e prender adversários políticos, atacar a liberdade de expressão, perseguir minorias religiosas classificando-as como grupos terroristas, perseguir defensores de direitos humanos, entre outros.

Qatar como sede da Copa do Mundo de 2022