Não se pode negar: quando se trata de faturamento, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é uma referência mundial.

Nos últimos anos, a Seleção Brasileira consolidou-se como uma das marcas mais lucrativas do esporte global, atraindo um crescente número de patrocinadores e gerando receitas recordes ano após ano. Empresas de diferentes segmentos disputam espaço na camisa canarinho, cientes do poder de alcance e identificação que a seleção carrega.

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Por outro lado, essa efervescência e a volúpia comercial não se traduzem em desempenho esportivo. A última década foi marcada por resultados aquém do esperado para o futebol masculino e feminino.

No masculino, a ausência de títulos em competições de expressão contrasta com uma era dourada que celebrava o talento e a magia do futebol brasileiro. Já no feminino, apesar de contar com atletas de destaque mundial, a estrutura ainda carece de investimentos consistentes, o que se reflete em campanhas pouco expressivas nas últimas Copas do Mundo.

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Seleção acumula campanhas decepcionantes na Copa do Mundo (Foto: Vitor Silva/CBF)


A grande questão é: por que a máquina de fazer dinheiro da CBF não tem se convertido em investimentos efetivos e títulos no âmbito esportivo?

A resposta passa por uma gestão que, muitas vezes, parece priorizar os ganhos financeiros em detrimento do desenvolvimento técnico e tático das equipes. A capacitação de treinadores, a terceirização e internacionalização dos amistosos e uma política pouco efetiva de valorização do futebol feminino são temas que, por vezes, ficam em segundo plano.

Outro ponto é a pressão e a expectativa que cercam a seleção. A cultura do "ganhar a qualquer custo" pode ser contraproducente, levando a decisões precipitadas e à falta de um planejamento de longo prazo. Não se constrói uma equipe campeã da noite para o dia, e a paciência, nesse sentido, pode ser a chave para a retomada dos títulos.

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A CBF precisa equilibrar sua habilidade comercial com uma visão esportiva mais estratégica: menos politicagem e mais foco em resultados. De nada adianta ter os cofres cheios e cartolas cujos salários beiram os R$ 100 mil, enquanto as seleções masculina e feminina padecem sem resultados relevantes dentro de campo. A verdadeira essência da Seleção Brasileira não se resume a cifras, mas à paixão pelo futebol e a representatividade que o futebol nacional tem - ou tinha - junto à população.

* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!

Joe Hirakuri é colunista do Lance! Biz (Arte Lance!)