Bonfim vibra pelo quarto lugar na marcha e critica ‘cultura da medalha’
"A cultura do capitalismo vende a medalha como a coisa mais importante, mas foi fantástico ser o quarto colocado aqui", disse o brasileiro após a marcha de 20 km
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Caio Bonfim ficou muito próximo de um resultado histórico para o atletismo brasileiro nesta sexta-feira, com a quarta-colocação na prova de 20 km da marcha atlética. O tempo de 1h19min42s, novo recorde brasileiro, o deixou bem perto da medalha de bronze, conquistada pelo australiano Dane Bird-Smith, que fez 1h19min37s. Mas engana-se quem acha que o resultado deixou o brasileiro frustrado. Extremamente feliz, ele fez questão de festejar o melhor resultado do Brasil nesta prova e ainda aproveitou para criticar o que chamou de "cultura da medalha".
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- É claro que o capitalismo vende a conquista da medalha como a única coisa importante em uma Olimpíada. Mas o fato de ser brasileiro e terminar em quarto lugar em uma prova sem qualquer tradição por aqui é simplesmente fantástico - disse Bonfim após a prova, vencida pelo chinês Zhen bronze em Wang, que havia sido bronze em Londres-2012. A prata foi para outro chinês, Zelin Cai.
Até a prova desta sexta-feira, o melhor resultado alcançado na marcha atlética 20 km em Jogos Olímpicos era o 14º lugar obtido por José Alessandro Bagio nos Jogos de Pequim 2008 e Atenas-2004. Hoje, Bagio abandonou a prova no começo, com problemas físicos.
Aos 25 anos, Caio Bonfim também festejava uma clara evolução em relação à sua participação olímpica anterior, nos Jogos de Londres-2012, quando ficou em 39º lugar. E fazia questão de demonstrar o quanto ficou satisfeito com o incrível feito alcançado.
- Procuro olhar o resultado como o copo meio cheio. Fiquei a cinco segundos do bronze, mas dei o melhor de mim. Agora é hora de curtir o momento. Nesta manhã, quando acordei, disse para mim mesmo que seria um grande dia. E foi mesmo - disse Bonfim.
O marchador fez questão de dividir sua alegria também ao agradecer ao apoio dos pais, a quem dedicou o resultado.
- Se estou aqui hoje, devo ao meu pai (João Sena), que também é meu técnico, e minha mãe (Gianetti Bonfim), que foi campeã brasileira de marcha muitas vezes mas nunca foi a uma Olimpíada. Eles é que me ajudaram de fato a estar aqui e conquistar esse resultado incrível", disse Bonfim, lembrando que o apoio foi fundamental até para superar ofensas e gracejos em seus treinos diários pelas ruas de Sobradinho, no Distrito Federal, onde vive.
- Há nove anos que eu treino marcha atlética e não teve um único dia em que durante meu treino, não escutasse as frases "Vira homem", "Para de rebolar", "Viado", 'Vai para casa trabalhar. Mesmo hoje dia, apesar do apoio que recebo em Sobradinho, sou ofendido diariamente. Só mesmo com a força e apoio dos meus pais é que pude suportar tudo isso - afirmou Bonfim.
O brasileiro Caio Bonfim ainda está inscrito para disputar a marcha de 50 km na Rio-2016, marcada para a próxima sexta-feira (19). O terceiro brasileiro na prova, Mario Zimmerman, terminou na 63ª posição.
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