Murray bate Del Potro e é o primeiro bicampeão olímpico nas simples
Britânico bate o argentino por 3 a 1 e consegue feito inédito na história das Olímpiadas; Ken Nishikori bate Rafael Nadal e leva o bronze
A Olimpíada é a competição que mais transforma esportistas. É nela que lendas e mitos são criados. E destruídos. Estes pouco mais de 15 dias ficam marcados na história de quase todos que acompanham o esporte. E é por isso que um milionário jogador de tênis chora ao ganhar uma medalha de ouro. Em um torneio que não vale dinheiro. Que nem ao menos vale pontos no ranking da ATP. E há um tenista que viveu essa sensação da conquista do ouro no torneio de simples duas vezes. E seguidas. E este é Andy Murray. O único tenista que conseguiu este feito na história.
O britânico, campeão em Londres-2012, repetiu a façanha neste domingo, no Rio de Janeiro. Jogando em altíssimo nível, contra o argentino Juan Martín del Potro, que viveu durante a semana uma das maiores histórias dos Jogos, Murray fez 3 a 1 (7-5, 4-6, 6-2 e 7-5) no rival e conquistou a medalha de ouro após longas 4h02 em quadra.
Número 2 do mundo, Murray começou o jogo tentando impor essa condição. E Del Potro não parecia disposto a aceitar isso facilmente. Longas disputas de bolas, troca de lideranças e grande repertório de jogadas... todos os elementos encontrados nas melhores partidas estiveram em quadra.
Mas Murray foi mais frio nos momentos críticos, mesmo que por vezes parecendo lutar mais pelos pontos que o argentino. E essa superioridade deu ao britânico a vitória no primeiro set.
A segunda parcial ficou marcada pela recuperação de Del Potro. E talvez a melhor performance do argentino na final olímpica. Não que ele tenha jogado mal, mas ele não conseguiu se impor como em outras rodadas na Rio-2016. Juan jogou no segundo set como tinha feito na estreia contra Djokovic. E venceu por 6 a 4.
Mas Murray parou, respirou e voltou ainda mais forte para o jogo. Conseguiu dominar Del Potro e não teve dificuldades para fechar com 6 a 2, na parcial mais rápida da partida. E muito mais rápida: foram apenas 36 minutos, contra 60 (segundo set), 72 minutos (quarto set) e 76 minutos (primeiro set). O argentino sentiu e, por vezes, mostrou que o cansaço acumulado durante a semana poderia pesar.
Mas Juan Martin del Potro não quis se entregar tão rapidamente. Num set marcado por diversas quebras de saque, o argentino lutou. Não deixou Murray, que vive um momento muito melhor, deslanchar.
O último set ficou marcado pelas quebras de saques. Foram seis ao total. Del Potro, que se mostrou mais cansado, teve forças para lutar e voltar ao jogo seguidas vezes. O ruim para ele é que do outro lado, Murray fez o mesmo. Quando parecia fora da partida, o britânico aumentou o nível e venceu.
Nada que apague a história feita por Del Potro, agora dono de medalhas de bronze (Londres-2012) e prata. Prata depois de sofrer com seguidas lesões no punho esquerdo, que o afastaram por muito tempo do circuito profissional. A reação da torcida argentina, que cantou o nome dele depois do jogo, é a síntese perfeita do feito que ele conseguiu nestes Jogos.
Na disputa pelo bronze, deu Ken Nishikori. Rafael Nadal, campeão em duplas e jogador que mais ficou na quadra de tênis nesta Olimpíada, lutou, mas não conseguiu superar o japonês. Ainda levou a partida para o terceiro set, após ter perdido o primeiro e estar perdendo o segundo por 5 a 2, mas Nishikori se recuperou a tempo de ganhar a partida. E a medalha.